quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A magia do Interclasses!

Familia B-I (foto antiga)
Era tempo de interclasses, toda a sala não falava de outra coisa. Lembro que nós estavamos tendo aula no laboratório de ciência por conta de uma reforma na escola, uns sentavam de um lado da bancada e os outros do outro lado. Era manhã, as aulas não passavam nunca, o interclasses não deixava quase ninguém se concentrar. Mas de repente a sineta toca, mas era apenas o primeiro intervalo. Como estudamos em uma escola de periodo integral, nós temos tres intervalos, um  9:30 às 9:50, outro das 11:30 às 13:00 e o ultimo 14:20 às 14:40. O jogo era apenas no segundo intervalo. O lanche era bom, mas o frio na barriga continuava. A aula havia recomeçado, mas a concentração não estava em quase ninguém. Alguns nem se importavam com a presença do professor e batiam nos instrumentos musicais que Luana havia trazido para animarmos a torcida pelo time da sala. As reclamações eram rápidas, mas nem sempre atendidas, até parecia que os professores entendiam nossa euforia. Enfim, havia chegado o segundo intervalo. Todos correram para almoçar primeiro que as outras salas. A turma da enfermagem estava amedrontada em pegar a sala B de informatica logo na estreia do interclasses, nós eramos atuais bi-campeões  do torneio escolar. O almoço foi como comida de passarinho, só colocamos um farelinho, nós queriamos mesmo era jogar. Depois de comer, todos os convocados para o time correram para o laboratório (nossa sala improvisada) para vestir o uniforme. Era o tradicional, eu sempre trazia o uniforme da equipe do meu tio, o dourado e preto, mas um dia inventei de mudar. Quando mudei, perdemos. Dessa vez decidi trazer o uniforme que dava sorte. Todos vestiram os uniformes, bonitos e arrojados prontos para a batalha. Antes de sair convoquei todos os atletas para uma conversa. Eu (Thiago) era o goleiro, Iatha, Juan e Marcos Leandro jogavam de fixos, Danilo, Augusto bruno, Felipe Pereira, Pedro Rafael e Junior faziam funções de pivô e ala. Ainda tinha Marcola e Henrique como técnico e auxiliar técnico, de acordo com a sequência. Pedi a atenção de todos e comecei a falar da responsabilidade que tinhamos ao representar uma sala tão diferente. Era um momento diferente, eu era o que mais tinha experiência com o esporte, mas acho que era o que tinha a maior ansiedade, encaro cada jogo como se fosse o último. Passei o máximo de confiança possivel para todos da sala e as palmas vieram como consequência e os gritos. "B-I, B-I A MINHA VIDA, B-I A MINHA HISTÓRIA, B-I O MEU AMOR" eram ensurdecedores os gritos. além de ser são paulino dei toda a força na criação dessa paródia em cima do canto corinthiano.

Já estavamos em quadra. Os titulares eram Eu, Juan, Iatha, Felipe Pereira e Danilo.  A professora Érika e a árbitra Popó autorizaram o inicio da partida. A bola começou em nossa posse e o primeiro lance com a bola rolada do Felipe Pereira o Iatha acerta um arremate na trave esquerda do goleiro Willame. O jogo começou pressionado em cima da equipe adversária, era chute atrás de chute para o arqueiro adversário. Mas logo a redonda achou um espaço e abrimos o placar com Iatha. O jogo passou a ser mais disputado, o Maykom (Pivô adversário) fazia uma boa troca de passe com seu companheiro Michael e chutaram uma bola com muita força na diagonal, a qual espalmei para a lateral. Gritei com todo mundo o jogo estava muito facil e não deveriamos ter sofrido sequer um chute dos adversários. Na  cobrança do lateral, o Michael lançou seu companheiro Thiago da enfermagem que com um chute diagonal empatou a partida. Aquela bola não havia sido tão complicada, mas a ansiedade me atrapalhou. O placar marcava 1x1, o jogo era fácil e Danilo acertou um chute fraquinho que foi facil para o goleiro adversário. Rapidamente fizemos substituições, saiu Juan entrou Marcos Leandro e Saiu Danilo e entrou Pedro Rafael. O jogo passou a ser mais defensivo de nossa parte e dessa forma terminou o primeiro tempo. No segundo tempo a formação era a mesma a qual terminamos a primeira etapa e sem demora Marcos Leandro faz o segundo gol para a nossa equipe. Nossa torcida era miuda em quantidade, mas gigante em barulho e paixão. Sem muito esforço merecedor de ser narrado, findou-se a primeira partida e estavamos classificados para a semifinal do pequeno torneio escolar. O adversário seria o primeiro ano de Comércio.


Iatha
Juan? É você?
Na preparação para o segundo jogo dei uma bronca em todo mundo, na partida anterior tivemos a oportunidade de fazer uns 8 gols e só fizemos dois. Tinhamos sofrido um gol de um cara que jogava Vôlei. Eu estava bravo, mas confiante,  a equipe estava unida. Agora teriamos pela frente o desconhecido primeiro de comércio, comandado pelo temido goleiro capitão Dóquinha. Na conversa pré partida tive um diálogo aberto e sincero com todos da equipe e de repente me vi cercado por vários alunos da sala e pelo nosso grande diretor de turma, Rivânio. Eu optei por modificar o modo do time jogar, quero dizer, o modo não, mas os titulares. A equipe titular era praticamente a mesma com excessão de Juan que havia dado lugar ao esforçado Marcos Leandro. O jogo começou semelhante à partida passada, o Iatha mandou um balasso no travessão no primeiro instante de jogo. A torcida logo se animou. O ginásio quase que inteiro era contra nossa equipe pelo fato de sermos um tanto quanto prepotentes, mas esse era o fator que nos dava determinação. O jogo era bastante movimentado e sem perceber, o time adversário começava a gostar do jogo e tudo foi ficando dificil. Num bate e rebate, a bola sobrou no pé do ala adversário que chutou sem piedade e tive que me esforçar bastante para defender a danada da redonda no meu canto esquerdo inferior. Numa triangulação de passes entre Marcos Leandro, Felipe Pereira e Iatha a bola sobrou no pé de Leandro que infelizmente desperdiçou a oportunidade. Naquele momento Juan gritou, em unissono, junto a Matheus (colega de aula): "Tira Leandro". Conscientemente fiz um gesto com as mãos pedindo calma para os dois e na jogada seguinte Marcos Leandro recebeu uma bola de Iatha e não desperdiçou, abriu o placar. 1X0 marcava o placar. Agora sim, pedi para que Leandro saisse e desse a oportunidade para Junior entrar na marcação e aproveitei para fazer um gesto para Juan e Matheus como quem dissesse: "Tão vendo? Eu tinha razão". Tudo havia ficado mais dificil, eles contra atacavam de maneira constante e eu ia fazendo o que podia, até quando não deu mais: Eles empataram em um chute indefensável. 1X1 marcava o placar. A partir daí só deu nosso time no campo de ataque era bola de todo o jeito e sem demoras Iatha ampliou o placar. Venciamos por 2X1. Assim finalizou-se a primeira etapa. Chamei todos para uma breve conversa, tudo estava bem mandavamos no jogo, mas precisavamos ampliar o placar. O segundo tempo mal havia começado e Iatha fez o terceiro gol. 3X1 era o placar. Em seguida, em uma entrada desleal, Iatha fora expulso deixando-nos com um a menos em quadra. O nosso campo de defesa  ficou fragilizado e em uma jogada espetacular o pivô adversário ficou frente a frente comigo e eu com uma postura extremamente defensiva deixei que ele fizesse a finta dentro da área para meu lado esquerdo (meu ponto forte) e sem mais delongas avancei em seu pé e abafei a bola. O ginásio veio a loucura, havia sido uma bela defesa e num momento crucial da partida. Passaram-se três minutos da expulsação e Pedro Rafael recompos a equipe. Nós atacavamos constantemente, mas o goleiro Dóquinha fazia belíssimas defesas. Mas sem delongas, finalizou-se as segunda partida com vitória de 3X1 sem muitas dificuldades.


Pedro Rafael

"Felipe Pereira ou é o Henrique?"
Marcola
Era o dia da final, não rolava outro comentário. E já havia chegado a hora h. Nosso momento de reflexão fora um pouco mais extenso eu havia preparado um texto emotivo que mexia com cada um da equipe. Lembrei de tudo um pouco. No ano anterior havia ido passar um dia na casa de Juan porque moro na zona rural e não tinha transporte para quem estava em recuperação e alçmocei na casa do mesmo, a mãe dele tirava todo o osso da carne antes de ele comer. O Felipe Pereira tem uma boca enorme. O Marcos Leandro é tão feio que deram o apelido a ele de Dinossauro. Junior é fã da banda Garota safada. Iatha é doente pela nossa sala. Pedro Rafael torcedor corinthiano roxo. E eu havia escrito: "Juan, você acha que no jogo de hoje a vitória virá de bandeja como a carne que sua mãe corta para você? Lógico que não, se quiser sair daqui campeão tire você o osso do time adversário. E você Felipe, sem zombação, vamos engoli-los vivos hoje. Pedro e Iatha, vocês não jogarão hoje um machucado e outro suspenso, mas vocês somam em muito para o bando de loucos do B-I. Junior, ninguém vai cantar 'paredão que é poaredão' vamos cantar We are the champions. E por ultimo, vou falar de mim: garanto dar o sangue hoje aqui." Tudo era envolvido por um grande silêncio foi quando gritei "Se Deus e por nós?" e responderam "Quem será contra nós?", "Se Deus é por nós?" "Quem será Contra nós?" "Se Deus é por nós?" "Quem será contra nós?" e por fim em unissono todos juntos "1, 2, 3 B-I". Todos começaram a cantar, "B-I, B-I A MINHA VIDA, B-I A MINHA HISTÓRIA, B-I O MEU AMOR!" 




"Thiago Mão de lodo"
O jogo havia começado, o nervosismo cobria todos dentro da quadra, nosso time muito confiante e o adversário? Era o segundo ano de informática, equipe que havia eliminado a nossa na semifinal do interclasses passado. Mas a nossa concentração era extrema e ainda no primeiro tempo atacamos muito, mas cometemos uma falta nem muito distante nem muito próxima da trave. Pedi apenas um jogador na barreira. Quem ia bater a falta era o  Zói (apelido do Allysson, porque tinha outro Allysson no time), ele preparou o chute e partiu... O chute saiu fraco e mascado e veio na altura da minha cabeça preparei as mãos para segurá-la, ela vinha tão fraca que antes premeditei a jogada que faria com ele em mãos. Ela chegou, e o resultado? Ela rodou em minhas mãos de uma forma tão lisa que passou me deixando envergonhado, um frango na final do torneio escolar. O ginásio explodiu em risos e um coro começou a cantar "U É MÃO DE LODO".  Aquilo me deixou tão feroz, que me acendeu para a partida. O jogo passou a ser truncado era bola lá e bola cá. Terminou o primeiro tempo. 0X1 pela primeira vez iniciamos uma partida perdendo. Já tinha ido embora todo o primeiro tempo e estavamos em desvantagem por uma falha minha, sempre havia sido uma liderança e esperança para a equipe e dessa vez eu iria decepcionar? Tudo se frustaria por minha causa? Na conversa pré segundo tempo o Marcola, "técnico" da equipe me deu uma bronca: "Porra mah, você monta o time, manda nos dois primeiros jogos e agora falha?" As palavras dele me atingiam mais do que a vontade que ele tinha de avançar em meu pescoço. De maneira tranquila olhei para todos e supliquei: Façam o gol que eu garanto se for para as penalidades. O jogo reiniciou e tudo era mais dificil, o time deles todo recuado e o nosso sem possibilidades de atacar. Eles tinham um jogador diferencial, o Victor era um ótimo volante no futebol de campo e diminuia de forma abrangente todos os espaços dentro da quadra. Eu o conhecia bem, ele jogava no mesmo time que eu no futebol de campo. Um jogador rápido e inteligente. As minhas esperanças estavam chegando ao fim, ja faltavam 4 minutos para o fim da partida quando o cara do nosso time pediu para sair. Quando  o Felipe Pereira saiu, entrou o desaparecido Augusto. Mas nem deu tempo de Felipe sair e o Marcola começou a balbudiar: "Volta, dfaltam apenas 2 minutos." E sem nem um minuto na quadra o Augusto saiu  novamente, deixando o Felipe entrar. O primeiro "retoque" de Felipe foi uma bola recuada no meio da quadra para o Marcos Leandro que emendou de primeira e empatou o placar. Eu pulei de alegria, dei murros em meu próprio peito e dizia comigo daqui pra frente pode deixar que eu garanto. E sem demora, findou-se a partida em seu tempo regulamentar. As penalidades máximas iriam começar. No cara ou coroa eles venceram e decidiram começar batendo. Allysson era o primeiro batedor. Ele é meu primo, assim meio distante, mas é primo. Ele também jogava comigo no time do meu tio e eu sabia algumas manhas dele e ele das minhas. Então eu decidi catimbar: Eu sei onde tu bate Allysson, tu sabe que eu sei. Se tu bater no outro lado tu perde. A expressão dele era de desespero, eu realmente sabia qual lado ele batia, mas era meu defeito aquele lado. Ele preparou para bater e eu pra defender. Decidi pular no canto esquerdo (meu predileto), mas ele bateu no direito e eles estavam parcialmente na nossa frente. O nosso primeiro cobrador era o Felipe. Pegou a bola e de forma curta e grossa balançou as redes. Tudo igual nas penalidades. Agora era a vez do Victor eu não intimidei-o, sabia que ele era frio. Ele preparou e bateu no meu canto esquerdo rasteiro e eu fui muito alto, a bola passou por baixo de mim. O nosso cobrador seria Danilo que pegou a bola com categoria e colocou-a no canto superior esquerdo empatando o placar das penalidades. Era a vez de Zói bater, ele preparou e bateu no canto direito superior e a bola resvalou no travessão e foi para fora. O Leandro pegou a bola bateu o Penalti e decretou no canto esquerdo o novo campeão.... O B-I.


"Nós merecemos"
Danilo
Foi um dia especial para mim e para todos da equipe. Nós temos que agradecer a Alex, Luana, Flávia, Sávio, Marcola, Henrique, Matheus, Mardem, Rivânio e muito mais gente. Porque nos deram força para superar mais um desafio e não pude cumprir o prometido de salvar o time, mas o cara da vez foi o Marcos Leandro, muitas vezes (sempre na verdade) chamado de o pior jogador da sala, foi o Herói da ocasião e assim, nos tornamos os únicos tricampeões da escola profissional de Iguatu.         
"Marcos Leandro, nosso herói"